22/02/2013 11:34

SESSÃO EXTRAORDINÁRIA CONTINUAÇÃO

 

O descanso

 

Dois dias depois e ninguém na cidade sabia do paradeiro de Onózio. Somente alguns amigos mais íntimos e alguns dos fazendeiros foram informados, com os quais ele conversava sobre os problemas e os planos para o futuro. Os fazendeiros o queriam como presidente da Câmara e estavam dispostas a investir nisso.

 

Os dias foram passando e os nervos foram relaxando. Era uma  belo domingo de sol.

Dona Zélia, esposa de Onózio, cuidava da cozinha espalhando um cantarolado que ia se misturando ao som dos pratos que lavava na pia.

Onózio descansava no sofá da sala com os pés estendidos sobre a mesinha do centro. Os olhos zonzos estavam meio abertos e meio fechados, parte querendo continuar vendo o programa da televisão enquanto a outra queria mesmo era dormir. Era um ambiente de paz, longe dos problemas da cidade.

Sabem que venceu naquela luta ocular? O sono. Onózio  recostara a almofada no canto do sofá para o onde o corpo lhe pesou mais convincentemente. Era um daqueles sonos bons que só não mergulhava mais por causa do alarido dos meninos no assoalho da casa, ao passarem correndo, e sempre no fim do corredor ainda eram vistos pelo olhar avermelhado de Onózio, que até pensava em ralhar, mas logo eles sumiam no final do corredor e tudo voltava ao estado normal.

Meia hora e tudo muito tranquilo. Os meninos não corriam mais. O vento entrava brando pela janela. E Onózio cochilava relaxadamente.

Mas de repente o telefone toca estridentemente quebrando  ao meio a maciez gostosa do seu sono e no impulso do susto, acaba por bater com o pé no copo sobre a mesinha,   jogando ao chão. Assim mesmo atende ao telefone ainda com a voz de tubo e fala um “alô” quase que indecifrável, e logo, antes mesmo de ouvir a pessoa que estava do outro lado, deixa o telefone cair no tapete, sendo novamente roubado pelo sono.

Sua esposa Zélia, como sempre muito cuidadosa com o esposo, ao ouvir todo aquele barulho foi ver o que havia acontecido. Onózio dormia. Ela abaixou-se com cuidado para não fazer barulho que o perturbasse e colheu os cacos do copo, colocando no saquinho de cascas de amendoins que estava ao pé da mesa, e antes de sair recolocou o telefone no gancho.

 

 

Lá na cidade as apurações de voto já haviam encerrado e era aquele alvoroço. Parte da cidade fazia algazarra no meio das ruas com músicas provocadoras e, às vezes, chegando até a comportamentos que fugiam ao padrão de uma festa, que acabavam por obrigar  a outra parte a ficar em seus lares para se pouparem das agressões e chacotas comuns à cultura de cidades pequenas.

Para fugir daquela celeuma, a Juíza pediu que o oficial a levasse para o distrito, pois soube que lá na casa reservado à comarca, poderia descansar melhor longe do barulho da cidade. Assim o fez.

Dedicada ao labor do magistrado, a Juíza era uma mulher de extrema seriedade e procurava manter em dia os seus conhecimentos. Já na tranquila residência, escolheu a luz do abajur ao lado do sofá da sala para ler umas páginas de um livro. Tendo lido por mais de meia hora, cuidou de marcar a página e o colocou sobre a mesa, ao lado do abajur. Era hora do banho. Parecia mais um ritual diário: fecha as portas, faz uma leitura e segue para o banho.

No guarda roupas pegou uma toalha grande e enquanto caminhava ia enrolando o pano ao redor do corpo um pouco obeso, à altura dos seios. Deu uma olhadinha pela veneziana entreaberta e viu que lá fora a cidade estava realmente calma.

Tudo corria bem até que ao ligar o chuveiro descobre não havia uma gota sequer de água. Insistiu algumas vezes fechando e abrindo o registro sem nenhuma reposta que diminuísse a sua crescente irritação. Saiu do banheiro fungando e seguiu em direção à sala com passos firmes e resmungando muito palavras das quais não me atrevo a narrar neste livro de contos adolescentes. E assim foi até a pilha de livros que havia largado sobre o sofá e como quem estivesse prestes a devorar tudo à sua frente, atracou com mãos e olhos à lista telefônica. Procurava com violência, de tal forma que parecia querer decepar  folha por folha. Até que...

 

- Ahhhh! Aqui. Achei o número – Fala apertando as grossas sobrancelhas uma contra a outra -  Preciso de um encanador. Já é quarta vez que esse chuveiro dá problemas desde que cheguei a este município. Alguém tem que resolver esse problema de vez.

 

Na casa do Vereador o telefone toca novamente e Onózio mais uma vez acorda.

 

-  Alô!

- Alô! Aqui é a juíza, eu preciso...

 

Ouvindo isso Onózio gelou. Amarelou. Esverdeou. Quase que lhe vem de súbito um treco. Sentiu um  amargor fluir de suas amígdalas alcoolizadas. E Antes mesmo de continuar e já concluindo o que poderia ouvir em seguida, Onózio baixa rapidamente o telefone e exclama arregalando o  seu par de olhos apimentados de sono.

 

- O quê!? Socorro.  Fui achado. Fui denunciado. “Tô”  morto mulher. O sonho acabou.

- O que foi Onózio? - Vem a esposa correndo - o que aconteceu homem de Deus? Que diacho te deixou assim tão aflito?

 

Caros leitores,

O que acabava de acontecer era muito intrigante. O Serviço de encanação era Fontelles Tubulações  e a juíza que estava uma pilha de nervos por causa do problema com o chuveiro, acabou por errar  um dos números do telefone e fez com que a ligação caísse exatamente na residência em que Onózio estava.  Nada que o destino de um suspeito não possa premeditar. E se não for por conta do destino, pelo menos, hão de perdoar, é por conta da necessidade deste escritor de complicar a vida deste pobre e indefeso ser que só nós sabemos onde está escondido: o Onózio.

 

Dona Zélia vendo a aflição do marido tenta então ajudá-lo.

  • Meu benzinho, vamos fazer o seguinte: se ela ligar novamente eu atendo e digo que ela se enganou e que aqui mora outra pessoa. Eu dou outro nome e aí fica tudo bem.

Onózio se acalma aos poucos e acaba concordando com a esposa. Então ficam os dois sentados ali com os olhos presos ao telefone. Até que....

 

TRIMMMMMMM TRIMMMMM

 

                - Não atenda. É ela. – conclama Onózio – ou faça melhor, atenda, diga mesmo que é outra pessoa, sei lá, despiste-a. Ela não pode saber que estou aqui.

- Alô!– atende Zélia

- Alô! Aqui é a juíza, de onde é esse telefone, por favor?

- Olha, aqui é da Rua Marechal Rondon, 304. – Zélia tenta minimizar as coisas  informando o endereço.

-Mas é da casa de quem? – insiste a juíza com a voz dura.

   -Ah! Bem... Aqui é da casa do encanador - agora Zélia procurava despistar a juíza. Só não imaginava que era isso que ela queria ouvir.

- Ah! Que bom, então é ele mesmo que estou procurando, vou mandar um oficial aí agora mesmo buscá-lo.

- Mas doutora. Eu...  (o telefone é desligado no outro lado da linha)

 

Dona Zélia empalidece da cabeça aos pés e já sem palavras, baixa o telefone. Em seguida  olha para o esposo que nem para piscar se atreve de tanta aflição.

-  Diga logo, mulher. O que ela quer?

- Dona Zélia, meio sem palavras, procura passar um pouco de conforto ao marido  – Não é nada Onózio, ela só estava procurando um encanador.

 

  • Ah! Bom. Melhor assim. (suspira e dá um beijo em Zélia) – menos mal não é? Assim posso dormir minha primeira noite de vereador sossegado.

 

Aliviado Onózio estica novamente as pernas sobre a mesa e relaxa, deixando em seguida o corpo escorregar até deitar-se de vez. Quando o sono já negociava com ele uma nova etapa, lhe vem uma infeliz ideia.

 

  • Zélia!!!! Corre aqui mulher.
  • O que foi desta vez Onózio?
  • Pegue algumas roupas e as crianças, vamos sair daqui agora.
  • Mas, por que Onózio?
  • Você entendeu mal. A juíza está procurando não é o encanador, ela disse foi enganador, você é que não entendeu direito, não foi?
  • Mas Onózio, eu ouvi direito. Era o encanador.
  • Não ouviu coisa nenhuma, vamos, pega as crianças e entra logo no carro antes que eles venham até aqui.
  • Mas Onózio! Aonde iremos a essa hora da noite?
  • Não sei ainda, mas não podemos ficar aqui. Isso eu sei.

 

E assim  saíram loucos no meio da madrugada. Onózio se lembrou de um amigo a algumas quadras dali e seguiu direto pra lá em busca de abrigo, levando a família, mais uma vez, em busca de um novo refúgio.

 

* * *

 

Na  residência oficial, a juíza, não menos nervosa, andava de um lado para o outro, já bastante irritada com a desagradável situação. Ainda enrolada com a toalha no limite de sua extensão dado ao corpo obeso,  vai até a janela da sala chama o oficial que está de plantão para auxilia-la, e lhe dá uma ordem.

 

  • Pegue este endereço, vá até lá e traga o senhor Fontelles para fazer o serviço. Diga-lhe que estou com problemas na tubulação e preciso que venha com urgência.

 

  • Sim meritíssima - Responde o oficial. – providenciado ser urgente no cumprimento da missão.

 

Ao chegar à residência de Onózio, confere o endereço e número que lhe fora dado, tendo confirmado, toca insistentemente a campainha  por longos minutos, sem que ninguém aparecesse. Cansado, decide  olhar pelo vidro transparente da janela e conclui  que não há ninguém em casa,  pois não percebeu movimento no interior da residência, exceto o do telefone que ainda balançava pendurado no gancho, deixado às pressas por Onózio que havia acabado de sair.

Dioclécio, o oficial, resolve então voltar e informar para a juíza, já preocupado com o estado de irritação dela e como iria reagir com a informação. Só que quando vai saindo percebe que na casa ao lado descansava um senhor de idade sentado na varanda, ouvindo um pequeno rádio encostado na orelha.

- Boa noite, meu senhor!   - fala o oficial.

O velhinho continuava a ouvir seu radinho, sonolento, no conforto da cadeira de cipós que balançava preguiçosamente na proporção que a ponta do pé a empurrava.

- Ei, Senhor! Pode me ouvir? - Fala agora em um maior tom, procurando superar o volume do rádio.

Com isso o velho sai daquele estado de alheismo e procurando logo para os lados, percebe que era ele, Dioclécio, que neste momento acena com a mão para ser percebido.

- Ah! Sim! (balbucia o velho) O que deseja?

-Estou procurando o Senhor Fontelles. Esta é a residência dele Senhor?

 

Mais uma vez, caros leitores, permitam intervir aqui no conto para esclarecer mais uma terrível  coincidência. O vereador que ora foge se chama Onózio Assis Fontelles, cujo sobrenome coincide com o nome do serviço de tubulações que é Fontelles Tubulações, lá nas páginas amarelas da lista telefônica. O velhinho sentado na porta conhecia o vereador e sabia que as pessoas amigas de Onózio também o chamavam pelo seu sobrenome.

 

- É sim meu filho.

- Bem, é que estou procurando este senhor, você sabe me dizer para onde ele foi? Parece que não há ninguém em casa. Mas vi que o telefone estava balançando como se alguém o tenha deixado há poucos minutos.

- Para onde eu não sei meu filho, mas ele saiu mesmo faz  pouco tempo naquela direção. – finaliza o ancião esticando o lábio inferior como se dele fizesse uma seta para apontar para o auto da rua, completando com um ligeiro movimento da cabeça para cima.

 -Tudo bem. Muito obrigado meu Senhor.

- De nada, meu filho. - Retruca o velhinho voltando a encostar na orelha o rádio de pilhas, cuja sintonia entediaria qualquer ser vivo que sentasse ao lado.

 

***

 

Onózio dirigia nervoso. Já era quase meia noite. Pelo retrovisor observa que as luzes de um carro à distância parece segui-lo. É que Dioclécio seguiu para onde o velho da porta havia mostrado, e não demorou muito  para ver o carro de Onózio.

Sem menos pressa, ou seja,  como mesmo desespero com o qual saiu de casa, ao chegar em frente à casa do amigo, Onózio aperta o freio com tanta força que nem mesma Zélia, que estava atenta, deixou de se lançar no painel do carro.

Sem perder um minuto, Onózio corre, puxa o portão da garagem e antes mesmo que alguém possa descer para atendê-lo, trata de colocar o carro para dentro, sem se importar nem mesmo com o cão raivoso que avança na grade da casa ao lado.

 Quando as luzes da casa finalmente se acendem, surge  um senhor de meia idade desfilando um pijama de listras azuis, em perfeita desarmonia com a expressão sonolenta que se acomodava debaixo da cabeleira desarrumada. Era o amigo de quem Onózio falara, o qual, ao reconhecê-lo, trata de convida-los para entrar.

Onózio explica-lhe todo o drama e pede que acomode a mulher e as crianças, preferindo ele se esconder no andar de cima do sobrado, de onde poderia vigiar pela janela entreaberta caso houvesse algum movimento estranho na frente da casa.

O carro que Onózio via pelo retrovisor era mesmo o do oficial que o procurava, pois, segundo a informação que obtivera, e por não haver mais movimento na cidade àquelas horas, supôs que aquele único carro era o que ele procurava e que estava indo naquela direção. O oficial sabia da necessidade de encontra-lo, pois acreditava que só ele, naquelas horas resolveria o problema do chuveiro da juíza.

Vendo as luzes acesas na casa, o oficial para, desce, e vendo o amigo de Onózio ainda a caminhar pelo corredor, acena e grita em tom brando, dividindo a voz com o alarido rouco do cão que ainda bradava no quintal ao lado.

 

-Boa noite, Senhor. Estou procurando o senhor Fontelles, e por esta ser a única residência com luzes acesas a esta hora, suponho que é para cá que ele veio. Fui há pouco na residência dele e tive informação que ele acabara de sair para este lado da cidade.

-Me desculpe, mas não há nenhum Fontelles aqui, senhor. – nega.

-Quero que me entenda, senhor. Sou um oficial de justiça e tenho ordem da juíza para encontrar e levar este homem lá a sua residência no momento em que o encontrar.

Onózio, lá do alto, por um espaço quase impossível assistia o diálogo, apesar de não conseguir ouvir sobre o que conversavam. Mas, cuidando para que a luz que saia da janela não se alargasse mais que uma linha que riscava o chão da rua, conseguiu fazer com que o som entrasse com um pouco mais de definição. E foi exatamente quando alargou a fresta da janela foi que ouviu quando  o oficial acabava de falar “tenho ordem da juíza para levar este homem..”

Para ele, a pior coisa que poderia lhe acontecer seria ser encontrado ali, e temendo ser visto, afastou-se rapidamente da janela recostando-se na parede para proteger-se. Ocorre que desastrado, acaba tropeçando na mesa do quarto que era adornada por um vaso de flores artificiais, fazendo com que caísse,  causando, por conseguinte,  um grande  barulho.

- O que é isso?-Pergunta o oficial.

- Nada - responde Fagundes, o amigo – devem ser os gatos perseguindo ratos. Esses malditos ratos não nos deixam dormir. – fala esboçando  um frustrado sorriso.

- É pode ser, mas parece que houve algum dano. Se você preferir, posso ajuda-lo a procurar esse bichano antes que cause mais danos.

 -Não! Não é preciso. Muito obrigado. – Fagundes tenta encerrar o assunto procurando esconder seu estado nervoso em tom de brincadeira - Oficial na minha residência só entra com mandado oficial.

- Tudo bem, (risos) - Então, boa noite! Tenho que encontrar o Senhor Fontelles.

Onózio havia ficado sem forças. Sentara no chão encostado na parede e suspirava profundamente. Seu peito amargava a angustia de pensar que por pouco podia ser  capturado ali na casa de Fagundes. Teve certeza que a coisa estava muito séria quando conseguiu ouvir Fagundes dizer ao oficial que ele só entraria ali com mandado oficial. Era o fim. –pensava ele. – estava sendo mesmo procurado pela justiça. Agora tenho certeza.

Fagundes vai até a calçada e olha para o alto da rua. Tendo se certificado que o Oficial havia mesmo ido embora, subiu as escadas correndo para falar com Onózio que já estava saindo do quarto e foi logo dizendo:

- Não posso ficar mais nenhum minuto aqui. Cuide da minha mulher e da minha família. Vou sair da cidade antes que me encontrem. Eles já suspeitam que vim pra cá e com certeza voltarão para me prender.

 - Mas a essa hora da noite, a que lugar pretende ir?

 - Não sei ainda, mas acho que o lugar melhor e mais seguro no momento é um sitio que visitei há alguns anos atrás, que fica próximo daqui.

 

Depois de explicar para o amigo o seu plano de fuga, desceu correndo a escadaria,  abraçou seu filhinho que acordou com a barulheira, depois dá um beijinho apressado no rosto de Zélia e entra no carro, saindo tão violentamente que deixa marcas negras dos  pneus que ardem contra o asfalto.

Sua expressão em nada parecia com a do homem vitorioso. Seus olhos avermelhados percorriam de um lado para o outro a rua, enquanto ia seguindo em alta velocidade pela avenida. Decidiu passar na residência para pegar algumas roupas. Chegando lá, parou o carro deixando a porta aberta para garantir uma entrada rápida caso fosse necessário, e entrou.

Em casa vai colocando na bolsa as roupas que aparecessem em sua frente,   e ao sair coloca o telefone no gancho. Depois de se encrencar com as tantas chaves, finalmente encontra a da porta da frente e a tranca. E vai.

Lá de longe um dos vizinhos que ainda estava acordado observa aquela agitação por um dos lados da cortina, e  resmunga em tom de fofoca para  esposa:

- Já  são quase 1:30 da manhã e esse nosso novo vizinho parece um louco. Você acredita que acabou de colocar um monte de bugiganga no carro e saiu em disparada?

- Ora! Bastião. Cada louco com sua mania. Vem deitar. Vamos dormir. Esse homem aí nunca me enganou com a cara dele. No mínimo é mais um daqueles enrolados em que a vida é mais produtiva no meio da madrugada.

- É verdade. Esse mundo tá cada vez mais estranho mesmo. Tá pra se acabar. É o que tá escrito na Bíblia.

 

***

 

Caro leitor, vamos deixar o nosso vereador apressando-se em se esconder e vamos a outro fato que merece nosso foco: na entrada do distrito há um posto sempre com um ou dois policiais vigiando a entrada e a saída das pessoas para garantir a tranquilidade que era comum naquele vilarejo.

Um dos policiais vai lá dentro atender a um chamado do rádio amador e pela janela avisa ao companheiro que acabava de acontecer um assalto com arrombamento a uma loja na cidade, e suspeitavam que os bandidos haviam fugido pela estrada que dava para o distrito.

A foto dos supostos assaltantes já estava publicada na tela do computador da polícia, e pedia que todos ficassem atentos para descobrirem o paradeiro dos bandidos.

Naquele momento um carro com alguns homens vai chegando à guarita de entrada do distrito e antes mesmo que o policial abordasse o veículo que insinuou que ia parar, ele arranca em disparada, dando tempo apenas para que o policial veja a feição do motorista. Tendo perdido o carro, o policial corre para as imagens do computador e  pode confirmar que um deles era a mesma pessoa que aparecia na tela.

Ligou para a cidade e mobilizou as viaturas para que viessem ao distrito, recebendo a informação de que a polícia já estava na estrada e que em poucos minutos estariam no encalço do bando.

Neste momento as sirenes já anunciavam que as viaturas estavam entrando na cidadezinha. Enquanto as viaturas já rondavam para ver se descobriam onde os assaltantes estariam, no posto, os policiais colavam na parede de fora as fotos que acabaram de imprimir, a fim de que as pessoas conhecessem os criminosos e os denunciassem caso não fossem capturados.

 

E o nosso herói, ponde onde anda?

 

Onózio que pretendia sair da cidade em direção ao sítio, escolheu uma rua menos iluminada para se aproximar do posto policial, certamente, para ver se conseguia sair sem ser reconhecido. A uma distância  e segura  diminuiu a velocidade e ficou a observar a movimentação no posto. Ele não sabia ainda da notícia do assalto, e achou estranho, pois quase sempre, àquela hora, nenhum policial costumava estar de prontidão ali fora,  por isso achou melhor não arriscar, preferindo observar e aguardar mais um pouco.

Enquanto olhava, o soldado terminava de colar os cartazes na parede do posto. Onózio estranhou aquele fato novo.  Foi ai que lembrou que o som que ouvira a poucos minutos era mesmo de sirenes a cruzar as ruas do distrito. Em sua cabeça surgiu um turbilhão de ideias.

- Meu Deus! Não tenho mais saída – murmura, segurando firme o crucifixo que trazia pendurado no peito. – e agora, até minha foto estão sendo espalhadas pela cidade. Todos vão ficar sabendo que sou um fugitivo. E agora o que eu faço?

Não conseguindo achar uma solução para o dilema que começava ali, fez a manobra no carro  cuidando para não chamar a atenção, e seguiu para uma rua  escura e quase sem moradores,  para que assim pudesse pensar numa nova forma de fugir dali.

CONTINUA NO PRÓXIMA POSTAGEM

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